Unidos de Padre Miguel

Rio Carnival
Rio Carnival
dsc1493
selminha-sorriso-e-claudinho
20220423-051430-scaled
Bandeira_do_GRES_Beija-Flor

Enredo 2022

  • Carnavalesco: Fábio Ricardo
  • Diretor de Carnaval: Cícero Costa e Nana Costa
  • Diretor de Harmonia: Alessandro Cobra e Carlos KZ
  • IntérpreteDiego Nicolau
  • Mestre de Bateria: Mestre Dinho
  • Rainha de BateriaKarina Costa
  • Mestre-Sala: Vinícius Antunes
  • Porta-Bandeira: Jéssica Ferreira
  • Comissão de Frente: David Lima
  • Desfile de 2022
  • Posição de desfile: 
  • 6ª  escola a desfilar no Sábado (22/02/2022)
  • entre 01:45h – 02:35h

Sinopse – RESUMO


Viajando no tempo da poesia, nasço da espontaneidade sagrada, do mítico ritual do povo Mocupe do sul de Angola. Brincando entre as brisas, filhas do vento, desperto o desejo de conquista de jovens guerreiros à dança do N’golo. Lembro-me bem: os tambores anunciavam a preparação da Enfundula – festa de passagem à vida adulta –, quando as raparigas fertilizavam o sangue da puberdade num misterioso cio, que encorajava rapazes a lutar pela disputa de suas esposas.

No afã da minha gente, sou a doce e constante firmeza de elo e abrigo. Filha da Mãe África, “berço da humanidade”, cresço entre seus ritos de mistérios e verdades, templo sagrado de Okô – divindade da agricultura, formo do sábio cultivo da terra e do domínio que forja as ferramentas ao seu plantio; dita ventura à típica pecuária, entrelaço-me à candura dos diversos encantos de sua cultura.

Mãe! Eu sou a extensão do seu umbigo, fruto que brota desse chão, a força e o espírito de nossas tribos… Assim, eu sigo, levada pela tradição de seus ensinamentos, a destreza para vencer os inimigos.

Tudo ressignificava o meu saber, emergindo da linha do horizonte, trazida pelo cerne da dor e do lamento. Cruzo a imensidão dos mares entre a calmaria e a tempestade, acorrentada pela intolerância de homens fiéis à ganância e ao poder.

Desprovida de liberdade, meu corpo padece, é escravo por fim. Mas não é rendido, apesar de ferido, encontra o elo supostamente perdido.

Por bem ou por mal aos ferros expostos, terei, eu, sorte igual? Longe das minhas paisagens habituais, velo a alma coberta de poesia tradicionalmente africana, em terras distantes. Entre pregões e a violenta estada no “Cais do Valongo” – por onde chegaram milhares de negros escravizados, sigo o “bando banto”. Abrasada nas senzalas, rompendo o silêncio de noites sombrias, sou incorporada feito arte matuta, uma espécie de dança, disfarçada entre os afazeres da labuta. Mas é na hora da fuga, usando os pés, as mãos e a cabeça, que me revelam como luta – subtraída da dor contra as “leis do opressor”.

Diante do que se vê, tudo parecia uma cilada: numa relação humana, onde o elemento principal é a expressão do corpo, sou alvo do realismo fantástico de olhares estrangeiros. Telas são pintadas registrando a vida urbana, fosse de forma sóbria ou insana, o fato é que o ato da pitoresca caravana representa um fenômeno antropológico intrinsecamente ligado a diversos episódios da minha trajetória.

Como a inocência de uma criança, ibejê de esperança, sou praticada em círculo de arte-defesa. Pura ou armada à ladainha do mestre Pastinha e entre tantos outros camaradas, minha filosofia é criada. Abençoados sejam meus filhos, pois chegou a hora: repouso íntima e genuína aos valores da tradição de Angola. Com o saber gravado n’alma, danço, gingo, pulo, brinco e rodopio.

Da cerimônia ao desafio: peço a benção nos pés do atabaque e o jogo inicia. Saio no “aú”, me fortaleço no “rabo de arraia”, finco meu pé e não entro de “bua”, planto “bananeira”, solto “meia- lua”…me esquivo na “negativa” e o jogo continua…

“Sou manha, malícia, mandingueira, sou tudo o que a boca come…” Como guardiã da cultura negra e da preservação do seu saber, abro minhas rodas nas ruas, nas feiras, nas festas, nos cais, comandada pelo berimbau…regidos por vareta e bordão, soam o “Gunga”, o “Médio” e o “Viola”. Também seguem o ritmo: chocalho, reco-reco, agogô e pandeiro.

Toques, cantos, cantigas, corridos e ladainhas, tudo numa só sintonia: “São Bento Pequeno, Jogo de Dentro, Ave-Maria, São Bento Grande, Cavalaria, Maculelê, Benguela, Santa Maria”.

Canto e o coro responde: “Paraná-auê, Paraná-auê, Paraná…ê viva meu mestre, ê viva meu mestre camará, quem me ensinou…ê quem me ensinou camará…ê vamo-nos embora…ê vamo-nos embora camará… ê pelo mundo afora…ê pelo mundo afora camará…”

Mas, diante dos dados reais da vida, me pego pensando: sofri imensa perseguição e poucos sabem que dois anos depois da Abolição, Marechal Deodoro da Fonseca decretou minha proibição. Assim prossegui, entre brigas e arruaças, até o ano de 1932. Quando mudam o meu feitio, saltante, esportiva, com golpes rápidos e técnicas de arte marciais, fico mais ligeira e politicamente correta, aceita pela sociedade brasileira. Ganho status de uma tal gente bacana, que pelos ensinamentos de mestre Bimba, passa a me chamar de Luta Regional Baiana. Nesse espaço social, por meio de um novo decreto presidencial, sou legalizada como profissão. Saio da pauta policial e, na condição de esporte e lazer, sou praticada em todo território nacional.

Dominada pela carga simbólica dos signos místicos da cultura afro-brasileira em meio dos quais cresci, abro as cortinas do passado, saúdo os meus heróis – que tradicionalmente gingaram, relacionando-se até hoje suas atividades à história de luta e à formação do povo brasileiro: a realeza de Zumbi, do Quilombo dos Palmares; a “ginga verbal” de Machado de Assis; as batucadas e o candomblé de Tia Ciata; o olhar cotidiano de João do Rio; a plasticidade de Rubens Valentim; o Brasil folclórico de Macunaíma e os sambas de Candeia cantados em jongos, pontos de umbanda, sambas de roda e partido-alto, cantigas de maculelê e sambas de enredo.

Meu gingado é a gira, que corre gira nas rodas pelo mundo.

Seguindo o caminho voltado para a cultura, luta e resistência do povo brasileiro, consagro-me ao receber tamanho reconhecimento de Patrimônio Imaterial da Humanidade, de roda e ofício. Ao enredo do meu samba, unindo a todos que vão e que vêm, enalteço a força e a raiz quilombola da comunidade da Vila Vintém.

À devoção dos meus filhos, sou padroeira, sou a ginga do carnaval da Unidos de Padre Miguel. Nessa mistura brasileira, Sou mandinga,
A todos digo Feliz e sorrateira:
Muito prazer,
Eu me chamo Capoeira.

Títulos da Escola

2016

Vice-Campeã

2015

Vice-Campeã

2009

Campeã

2006

Campeã

Ficha Técnica

  • Fundação: 12 de novembro de 1957 
  • Cores: Vermelho Branco
  • Presidente: Lenílson Leal
  • Presidente de Honra:-
  • Quadra: R. Mesquita – Padre Miguel, Rio de Janeiro – RJ, 21721-021
  • Ensaios:
  • Barracão: Rua Prefeito Júlio de Moraes Coutinho, 1900 – Manguinhos, Rio de Janeiro – RJ
  • Web site: www.unidosdepadremiguel.com.br
  • Imprensa: Monica Marinho

A História da Unidos de Padre Miguel


O início da escola foi esfuziante, pois logo em seu primeiro desfile na Praça Onze em 1959 sagrou-se campeã e adquiriu o direito de se apresentar entre as grandes em 1960. Entretanto, a má colocação que obteve, a fez retornar às categorias inferiores. A escola voltou a desfilar entre as grandes em 1964, 1971 e 1972. Após o incremento financeiro de Castor de Andrade à Mocidade Independente de Padre Miguel, a escola se distanciou dos principais grupos cariocas, chegando, inclusive, a não desfilar em alguns anos.

Paradoxalmente, nos anos 2000, após uma fase de estagnação da coirmã de Padre Miguel, a Unidos trilhou um caminho de sucesso. Com dois campeonatos seguidos. Em 2005 no Grupo D e em 2006 no Grupo C, saiu do último grupo do carnaval carioca até o retorno ao desfile no sambódromo em 2006, pelo Grupo B.


“2005 – Abram alas que eu quero passar. Sou carnaval carioca sou Unidos de Padre Miguel”

Com o carnavalesco André Cézari Unidos de Padre Miguel fez um desfile Maravilhoso falando sobre o Carnaval Carioca e sua História. Com um samba que é lembrado até hoje na sua quadra, “Eu sou Unidos, Amor… Vermelho e Branco, Eu sou…” a Unidos conseguiu o seu 3° campeonato. Este samba é usado como o Samba-Exaltação da escola atualmente.


“2006 – Da lágrimas do tupã, nasce o fruto divino: o guaraná”

Ganhou seu 2° Campeonato seguido, com o carnavalesco estreante Edson Pereira falando da História do Guaraná, a Unidos Impactou com seu desfile impecável.

“2007 – Unidos pelos caminhos da fé, desbravando os carnavais”

Em 2007, a Unidos de Padre Miguel voltava a Marquês de Sapucaí depois de mais de duas décadas. A escola contou o seu cinquentenário a começar pela comissão de frente de guerreiros prateados em defesa da fé. Um dos pontos altos do desfile foi o segundo carro, com televisões, mesas de bate-papo e varais de roupa, em um visual que formava um barraco, preenchido pela comunidade da Vila Vintém. As baianas da escola vieram douradas em comemoração à boda de ouro. Quadrilha de festa junina, natal, páscoa, pipas foram lembrados como rituais em alas irreverentes. O público se animou com a escola, que passou acelerada e teve de se arrastar no final para não terminar o desfile com menos de 40 minutos. A escola conseguiu a sexta colocação no grupo B.

“2008 – No reino das águas de Olucôn”


Em 2008, a mídia dava como certa a ascensão da escola para o Grupo de acesso A, porta de entrada para o Grupo Especial, mas, inexplicavelmente, a escola obteve apenas a terceira colocação, adiando assim o seu retorno ao Grupo A. A Unidos de Padre Miguel não passou de um terceiro lugar, mas o desfile foi impecável. Desde a comissão de frente até o último carro, a escola mostrou alegorias luxuosas, para contar a importância das águas, seja dos mares, dos rios ou dos oceanos, por meio da história de Olokum, Deus das Águas.


“2009 – Vinho, néctar dos deuses – A Celebração da Vida”

Em 2009, a Unidos de Padre Miguel apresentou alegorias e fantasias altamente luxuosas para contar o enredo sobre o vinho, denominado Vinho, néctar dos deuses – A celebração da vida, conquistou o Grupo Rio de Janeiro 1, empatada com a Acadêmicos do Cubango, ascendendo ao Grupo A, porta de entrada para o Grupo Especial. A escola mergulhou na Mitologia, do deus Dionísio, para mostrar que o vinho foi amadurecido em Roma, apadrinhado pela Igreja Cristã, na Idade Média, desprezado pelo Islamismo e fortalecido no Renascimento, até ser relacionado com a celebração da vida, estando presente em todas as cerimônias e festas comemorativas. A bebida embarcou em naus, na época das Grandes Navegações, chegando ao Mundo Novo. No Brasil, criou-se com os imigrantes italianos, no sul do país, sendo homenageado na Festa da Uva, realizada em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.

2010 – “Aço- Universo Presente na Riqueza da Terra – O Futuro a Ti Pertence”

Em 2010, a escola sentiu o peso de abrir o desfile com as arquibancadas vazias. Com problemas na comissão de frente, que representava a estrela cadente, cujas fantasias atrasaram e obrigaram os componentes a se vestir na avenida, a escola contou a história do aço através de uma grande bola de fogo, que chocada com a crosta terrestre, deu origem ao minério de ferro, matéria-prima do metal. O abre-alas causou impacto pelas cores e luzes e representou a explosão de meteoritos, cuja principal escultura era a de um pássaro de fogo. A escola mostrou as grandes civilizações que usavam o ferro principalmente para fabricação de armamento, como os romanos, fenícios e celtas. O segundo carro representou a evolução do aço na era medieval. Em outra alegoria, uma grande locomotiva antecedeu os altos-fornos, que tornaram possível a construção das siderúrgicas. Um Robocop de cinco metros estava à frente da quarta alegoria, que retratou o aço presente no nosso dia a dia, nas mais diversas situações – cozinhas industriais, hospitais, laboratórios, empresas e indústrias em geral. O último carro trouxe São Jorge, que no sincretismo religioso é Ogum, o Orixá do ferro, da guerra. A bateria veio fantasiada de alquimista. Apesar de apresentar fantasias e alegorias bem acabadas, os efeitos de luz e fumaça planejados pela escola acabaram sendo prejudicados pelo sol. Na apuração, a escola terminou em 11º lugar sendo rebaixada junto com a Paraíso do Tuiuti para o Grupo de Acesso B.

2011 – “Hilária Batista de Almeida”

No ano de 2011, a escola cantou Tia Ciata. A comissão de frente representou a África. O abre-alas trouxe o Palácio Dourado de Oxum, o orixá da homenageada. O segundo carro lembrou a Bahia, terra onde viveu e cresceu Tia Ciata, destacando-se a lavagem do Bonfim, Bumba meu Boi, Festa do Divino e Folia de Reis. O Rio de Janeiro foi reverenciado no setor seguinte, que recordou blocos, ranchos, corsos e escolas de samba. Uma alegoria trouxe um fusca imitando uma antiga viatura da Polícia Militar ilustrando a perseguição sofrida pelos sambistas no começo do século XX. O enredo Hilária Batista de Almeida foi projetado pelos carnavalescos Edward Moraes e Fábio Santos, sendo que Edward saiu da escola, após não concordar com o samba vencedor. A escola conseguiu um 3° Lugar No Grupo de Acesso B.[4]

2012 – “Arte – Um Universo Fascinante”

Em 2012, apostou num enredo sobre a arte. Contratou o intérprete Igor Vianna e fez um desfile considerado Bom, ficando assim em 3° Lugar na Classificação.

2013 – “O Reencontro entre o Céu e a Terra no Reino de Alà Áfin Oyó”

No ano seguinte, com a promoção das escolas do Grupo B para a segunda divisão, a escola passou a fazer parte da Série A, apresentando o orixá Xangô como tema de seu desfile. Marquinho Art’Samba Foi contrato para a função de intérprete Oficial da Agremiação, foi a 9° escola a entrar na Avenida e conseguiu o 7° lugar.

2014 – “Decifra-me ou te devoro: Enigmas – Chaves da Vida”

Em 2014 a Unidos de Padre Miguel foi considerada uma surpresa, com seu desfile sendo considerado “impactante”, e obtendo o terceiro lugar. Foi a 8° escola a entrar na avenida com um enredo sobre os Mistérios da Humanidade.

2015 – “O Cavaleiro Armorial Mandacariza o Carnaval”

Em 2015, fez uma homenagem ao escritor Ariano Suassuna e fez mais um desfile que colocou a escola com uma das favoritas ao título da Série A, porém obteve o vice-campeonato. Desfilou com 2.300 Componentes. Foi a 4° escola a entrar na avenida.

2016 – “O Quinto dos Infernos”

Em 2016, o boi vermelho perdeu seu intérprete Marquinho Art’Samba, que preferiu aceitar ser o novo intérprete da Imperatriz Leopoldinense. Para seu lugar, foi contratado o renomado Luizinho Andanças.[5][6] Com o enredo “O Quinto dos Infernos” a escola fez um desfile alegre com seus 2.500 Componentes foi a penúltima escola a entrar na avenida, tiveram alguns problemas com carros alegóricos q vieram com falhas, porém mais uma vez não deixou a desejar em seu desfile Obtendo a 2° colocação novamente.

2017 – “Ossain – O poder da cura”

Para 2017, anunciou o enredo “Ossain – O poder da cura”, sobre o orixá das folhas e da cura Ossain. No desfile, a escola fazia uma bela apresentação até o momento em que a porta-bandeira da agremiação, Jéssica Ferreira, caiu durante sua apresentação frente ao módulo de jurados e teve que ser levada ao hospital – foi diagnosticado que ela teve uma entorse no joelho. Seu par, Vinícius Antunes, seguiu desfilando sozinho por alguns minutos, sendo muito aplaudido pelo público, até a chegada da segunda porta-bandeira da escola, Cássia Maria, para seguir o desfile ao lado do mestre-sala. O atendimento à Jéssica prejudicou também a evolução da escola – apesar de não ter estourado o tempo. Na apuração, com as previstas punições no quesito Mestre-Sala e Porta-Bandeira (0,9 no total), a Unidos terminou em quarto lugar.

Para 2018, a escola contratou o carnavalesco João Vitor Araújo, ex-Rocinha, que irá desenvolver o enredo “O Eldorado Submerso – Delírio Tupi-Parintintin” baseado na obra de Milton Hatoum.