



Ficha Técnica 2023
- Carnavalesco: Rosa Magalhães e João Vítor Araújo
- Diretor de Carnaval: André Gonçalves
- Intérpretes: Wander Pires
- Mestre de Bateria: Marcão
- Rainha de Bateria: Mayara Lima
- Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane
- Comissão de Frente: Lucas Maciel e Karina Dias
“Mogangueiro Da Cara Preta”
G.R.E.S Paraíso do Tuiuti
Sinopse – RESUMO
O termo “especiarias” era conhecido na Europa nos séculos XIV e XV para designar temperos e condimentos, que não só davam mais sabor aos alimentos como serviam também para conservá-los, sendo alguns usados como remédios.
Os preços altíssimos cobrados então causaram indiretamente o “Descobrimento” da América e do Brasil.
Sua importância vai até os dias de hoje. Quem nunca saboreou um mingau com canela ou um doce de coco com cravo da Índia – que até hoje mantém no nome sua origem?
Neste rol de especiarias, vamos listando a pimenta do reino, a canela, o açafrão, o anis, e até mesmo a noz moscada, natural da Indonésia, mas que se aclimatou muito bem na Índia, além do cominho e o curry. Na verdade, esses são alguns dos produtos que enriqueceram a mesa europeia a partir da Idade Média. Seu alto custo era cobrado por importadores que bloqueavam sua comercialização. A saída foi procurar um caminho direto a seus produtores, pelo mar – dando origem às “descobertas” de novas terras. O comércio se tornou bastante comum entre o Ocidente e o Oriente.
E assim começa nossa história…
Conta-se que um carregamento de búfalos, originários da Índia, também fez parte desse grande rol de exportações.
Viajavam num navio que, devido a forte tempestade, acabou naufragando perto da costa brasileira. Muitos deles, milagrosamente, conseguiram se salvar nadando até a terra firme.
Chegaram a um lugar que, tal qual a Índia, era habitado havia milhares de anos.
Desses antigos moradores, temos apenas restos de uma civilização admirável em seus trabalhos em argila, cuja fabricação era especialmente decorada.
Nossos búfalos sobreviventes se aclimataram muito bem nessa região. Foram se multiplicando e hoje formam o maior rebanho de búfalos do país.
A terra que os acolheu era em alguns lugares alagadiça, e esses animais se refrescavam nesses oásis de águas cristalinas, por conta de sua constituição que lhes permitia sair d’água sem esforço graças a seus fortes músculos traseiros.
A terra a que chegaram tão bravamente, na verdade era uma ilha, a Ilha de Marajó, situada entre a desembocadura de um rio e o oceano.
E seu povo tem por esses animais a maior reverência.
Aproveitando as influências de festas nortistas, Mestre Damasceno, grande artista popular marajoara, criou um “Búfalo – Bumbá”, uma adaptação do Auto do Boi, tendo como figura central o búfalo.
A presença do boi foi largamente disseminada entre os povos Bantos africanos que, no período da colheita, conduziam um boi estilizado, em procissão animada por cantos e danças.
Os escravos, cantadores de muitas gerações, usavam palavras e ritmos de seus universos poéticos, narrando aventuras de outros tempos e espaços, com histórias nas quais os bichos falavam, dançavam, cantavam e assombravam reinos humanos e os animais.
“Que já houve um tempo em que eles conversavam entre si e com os homens é certo e indescritível, pois que bem comprovado nos livros de fadas carochas. Mas, hoje em dia, agora, agorinha mesmo, aqui, ali e em toda parte, poderão os bichos falar e serem entendidos, por você, por mim, por todo mundo, por qualquer filho de Deus?!”
São histórias contadas pelas avós. “Meu boi preto mogangueiro, árvore para te apresilhar? Palmeira que não debruça: buriti – sem entortar…”
Os búfalos passeiam pela cidade, servem de montaria para a polícia e ajudam na coleta do lixo. E, à noite, ouve-se as vozes de mães ninando seus pequenos:
Boi, boi, boi da cara preta, pega essa menina que tem medo de careta…
Carnavalescos: Rosa Magalhães e João Vitor Araújo
Títulos da Escola
2016
Campeã
2011
Campeã
1997
Campeã
1987
Campeã
Ficha Técnica
- Fundação: 05/04/1952
- Cores: Amarelo ouro e azul pavão
- Presidente: Renato Thor
- Quadra: Campo de São Cristóvão, 33 – São Cristóvão – Rio de Janeiro – RJ CEP 20921-440
- Barracão: Cidade do Samba (Barracão nº 03) – Rua Rivadávia Correa, nº 60 – Gamboa – CEP: 20.220-290
- Web site: http://gresparaisodotuiuti.com.br/
A História da Paraíso do Tuiuti
A atuação da Paraíso, de início, foi discreta, mas em 1968, com o enredo de Júlio Matos homenageando o bairro de São Cristóvão, tira o primeiro lugar no Grupo 3 e vai para o Grupo 2. No ano seguinte consegue o terceiro lugar no Grupo 2, com um ponto atrás da Unidos do Jacarezinho, vice-campeã.
De fato, até o início da década de 1980 quase ninguém ouviu falar da escola, mas a partir de então, a escola viveu um momento de grande euforia, graças ao empenho da carnavalesca Maria Augusta Rodrigues, que deu o título do Grupo A para a escola que não tinha patrono, fenômeno típico das grandes escolas, que conferem fama e prestígio a quem delas se aproxima. A Paraíso do Tuiuti não pôde contar senão com a pequena subvenção oficial para fazer frente aos altos gastos que o Carnaval, com as características que tomou nos nossos dias, exige. No final da década dos anos 1990, a escola não cessou de crescer e fortalecer-se, até que, convidada a participar do Grupo A em 2000, apresentou o enredo sobre Dom Pedro II e se sagrou vice-campeã, no desempate com a escola Em Cima da Hora, adquirindo o direito de desfilar em 2001 no Grupo Especial.
No Grupo Especial, a escola contou a história de um mouro que saiu da Espanha, em direção à Meca e acabou no Brasil, guerreando no Quilombo dos Palmares. Considerada como zebra do grupo de acesso A em 2000, a escola a adotou como mascote, e as trouxe no África Livre. A escola teve muitos problemas com seus carros alegóricos. Em 2002, de volta ao Grupo de Acesso, a Tuiuti encerrou o desfile com o dia amanhecendo, numa trégua da chuva e poucas pessoas nas arquibancadas. O enredo era uma homenagem ao carnavalesco Arlindo Rodrigues, célebre por antigos carnavais no Salgueiro e Imperatriz.
Em 2003, a Tuiuti se destacou no grupo de acesso. Com o enredo em homenagem ao centenário do pintor Cândido Portinari, apresentou um criativo desfile desenvolvido pelo carnavalesco Paulo Barros. A comissão de frente entrou com saias de pincéis giratórios, vestida de paleta de tinta em uma aquarela. No abre-alas,a grande coroa, símbolo da escola, feita com 7 500 latas de tinta, inclusive com tampas revestindo o piso, gerando um belo efeito visual. O carro com esculturas de negros carregando sacos de café, sem figuras vivas e com canhões de luz de baixo para cima, também causava impacto, assim como a alegoria que trazia espantalhos de campos de milho que coreografavam para assustar os corvos. Apesar do terceiro lugar, o desfile foi tão surpreendente que a Unidos da Tijuca convidou Paulo Barros para desenvolver o enredo da escola do Borel em 2004 no Grupo Especial, escrevendo nova história do carnaval carioca.
Em 2004, mais uma vez fechando os desfiles do grupo de acesso, a Tuiuti reverenciou poeta Vinícius de Moraes, desenvolvido pelo carnavalesco Jaime Cezário, mas não se destacou. No ano seguinte fez mais uma homenagem, desta vez ao jornalista Ricardo Cravo Albim, mas acabou rebaixada pro Grupo de Acesso B.
Nos anos seguintes, tentou subir de grupo, mas somente em 2008, com um enredo falando sobre o sambista Cartola, conseguiu o vice-campeonato e novamente retornou para o Grupo de acesso A em 2009.
Em 2009, o Tuiuti trouxe roletas, dados e cartas cheios de cores e brilhos para reviver a época de luxo e riqueza que marcou o imponente Cassino da Urca.
Para o carnaval 2010, a escola trouxe como enredo o mesmo enredo de 1990, uma homenagem a escritora Eneida de Moraes. No entanto, não foi uma reedição, mas sim uma releitura, onde foram acrescentadas novas ideias, como uma menção ao Carnaval virtual. A escola acabou, em 2010, na 12ª posição sendo rebaixada para o ano de 2011 ao Grupo B, juntamente com a Unidos de Padre Miguel. Após o rebaixamento a escola precisou deixar sua quadra, devido a uma liminar imposta pelo DER-RJ.
Na sua volta ao Grupo B, a escola de São Cristóvão trouxe como enredo O Mais Doce Bárbaro – Caetano Veloso sobre o cantor Caetano Veloso, do carnavalesco Eduardo Gonçalves. Fez um desfile candidato a ganhar, inclusive com o homenageado desfilando. Daniel Silva foi o intérprete e Gracyanne, rainha de bateria.[14] Última escola a desfilar na terça-feira, na Sapucaí, com esse desfile, obteve o título do Grupo de acesso B.[15]
Para 2012, a escola contratou o carnavalesco Jack Vasconcelos, que estava na Viradouro, e o Mestre Celinho (ex-Unidos da Tijuca), que estava afastado do carnaval há alguns anos. Intitulado “A tal mineira”, o enredo seria sobre Clara Nunes.[16] Terminou na última colocação, mas, devido a uma manobra que cassou os direitos da LESGA, permaneceu no grupo de acesso A. Em 2013, seguiu na mesma linha de homenagens, desta vez ao humorista Chico Anysio.
Em agosto de 2013, Renato Thor, abdicou de ser presidente da agremiação, para se dedicar à vice-presidência da LIERJ, deixando em seu lugar seu pai, Jorge Honorato.[18] Este trouxe o experiente carnavalesco Severo Luzardo, para reeditar o clássico samba-enredo Kizomba – A festa da Raça, com o qual a Vila Isabel sagrou-se campeã do Grupo Especial em 1988.[19][20] A poucos meses do desfile, a escola chegou a cogitar dispensar Claudinho Tuiuti do comando da bateria,[21] o que acabou não ocorrendo. Bastante elogiada em seu desfile, a escola se manteve no mesmo grupo para o ano seguinte.
Em 2015 a escola apostou no retorno de Jack Vasconcelos, como carnavalesco, que surpreendeu com um enredo de temática indígena, “Curumim chama Cunhantã que eu vou contar…”, que foi baseado em um livro do escritor Hans Staden. Com um desfile surpreendente, tendo como destaque a sua comissão de frente, a escola acabou ficando com a 5º colocação.
Para 2016, a escola manteve Jack Vasconcellos, apesar deste também assinar o carnaval da União da Ilha. Daniel Silva continuou a frente do carro de som da escola e, a princípio, faria dupla com Ciganerey (que chegou a gravar o CD da Série A) porém, este foi chamado para assumir o microfone principal da Mangueira devido ao falecimento do interprete Luizito. Porém, Daniel ganhou a companhia de Leandro Santos, que havia saído da Estácio de Sá. A bateria, continuou o premiado Mestre Ricardinho, visando trazer os 120 pontos para a escola no quesito, já que em 2014 e 2015 a bateria Super Som garantiu a nota máxima (40 pontos) para a agremiação. Com o enredo “A Farra do Boi” a escola fez um desfile empolgante e conquistou a Série A perdendo apenas 0,1 dos 270 pontos possíveis, garantindo assim seu retorno ao Grupo Especial depois de 15 anos.
Para o carnaval de 2017, a escola se reforçou com o experiente casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira Marquinhos e Giovanna, vindos da Viradouro e com o intérprete Wantuir, vindo da Portela. A princípio, Wantuir faria dupla com Daniel Silva, mas este deixou a escola. O enredo foi “Carnavaleidoscópio Tropifágico” sobre os 50 anos do movimento Tropicália. A escola fez uma apresentação bonita, mas sem muito destaque. Na apuração, terminou em décimo segundo lugar, mas por conta dos inúmeros acidentes ocorridos nos dois dias de desfile das Escolas de Samba (um deles envolvendo a própria Tuiuti, com a última alegoria prensando algumas pessoas na grade do Setor 1, ferindo cerca de vinte – entre os feridos, a radialista Liza Carioca, que falecera dois meses depois) a LIESA decidiu vetar o rebaixamento para a Série A no ano de 2017. Sendo assim, a Paraíso do Tuiuti permanece no Grupo Especial para o carnaval de 2018, fazendo sua melhor participação na elite do samba carioca – dois anos consecutivos.
Para o carnaval de 2018 o enredo da escola será sobre os 130 anos da Lei Áurea cujo título será “Meu Deus! Meu Deus! Está extinta a escravidão?”. Diferente dos anos anteriores, a Tuiuti optou por encomendar seu samba-enredo à compositores da escola, e contará com o reforço do intérprete Nino do Milênio (ex-Inocentes de Belford Roxo) e do casal de mestre-sala e porta-bandeira Marlon Flores e Danielle Nascimento.